““Nem que a
vaca tussa ou o boi espirre” é uma expressão popular utilizada por anos a fio para
designar não, nunca, jamais... Assim, para dar a dimensão do impossível, a
presidenta Dilma Rousseff usou durante o processo eleitoral a figura da vaca
para dizer que não mexeria nos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Infelizmente,
passados poucos dias, esqueceu-se da citação – e do compromisso firmado com o
eleitorado – e anunciou o corte de R$ 18 bilhões em direitos trabalhistas e
previdenciários.
Agora, o
debate está para além da constatação de que a vaca tossiu, mas de quão entupidas
estão suas vias nasais. Sobre o odor expelido e suas consequências para o
efeito estufa não restam dúvidas. O receituário da grama transgênica e repleta
de agrotóxicos é neoliberal e isso traz consequências fétidas para toda a
sociedade.
Brincadeirinhas
à parte, o fato é que para além desta punhalada vieram mais R$ 22,7 bilhões, o
equivalente a um terço da verba para “despesas correntes inadiáveis”.
Parênteses: imagine-se o “adiável” como a mais do que paralisada reforma
agrária... Cúmulo do esculacho, o “Pátria educadora” foi o mais penalizado pela
tesoura rentista, com um corte de R$ 7 bilhões. Isso horas depois de ser
empossada.
Frente ao
aprofundamento da recessão e da queda na produção industrial, com os
investimentos escoando pelo ralo e o setor público drenando para a agiotagem,
sob a forma de juros, R$ 264 bilhões até novembro, o governo cogita uma nova
tesourada. E a abertura do capital da Caixa Econômica Federal. E mais
concessões para o “mercado”. E novos leilões do petróleo...
Diante de
tantas mazelas, muitos intelectuais e economistas que apoiaram a presidenta com
a esperança de “aprofundar as mudanças”, estão criticando o “cavalo de pau”. Outros
denunciam que estamos diante de um Cavalo de Tróia, um vírus que se instalou no
governo para fazer do Brasil um país de programa para os banqueiros e transnacionais.
Podem haver
dúvidas quanto aos cavalos e questionamentos sobre a vaca, mas o fato é que a porca
torceu o rabo.
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