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Leonardo Wexell Severo e Gustavo Granero, em Montevidéu |
“Querem
nos manter desunidos, atentando contra a soberania política e econômica dos
nossos países”, alerta o vice-presidente da Federação Internacional dos
Jornalistas, Gustavo Granero
Leonardo Severo, de Montevidéu-Uruguai
O vice-presidente da
Federação Internacional de Jornalistas, Gustavo Granero, defendeu nesta
segunda-feira (20), durante Seminário de Comunicação da Confederação Sindical
dos Trabalhadores das Américas (CSA), em Montevidéu, o fortalecimento de redes
entre as centrais para combater a “uniformização da desinformação realizada
pelas agências de notícias em função dos interesses dos Estados Unidos”.
De acordo com Granero, o
investimento do movimento sindical nos seus próprios instrumentos e na conformação
de redes é essencial para a democratização da comunicação, um debate público
que envolve o conjunto dos países da América Latina neste momento, essencial para
o aprofundamento da democracia em nossas sociedades e, consequentemente, para a
garantia de direitos e avanço das conquistas da classe trabalhadora.
“Há uma reprodução
sistemática de notícias dos grupos hegemônicos estadunidenses, das
multinacionais e do sistema financeiro, uma coordenação estratégica para reproduzir
o mais amplamente possível uma ideologia desinformativa. O objetivo dessa
uniformização do discurso é nos manter desunidos, atentando contra a soberania
política e econômica dos nossos países, alinhados pela retirada de direitos dos
trabalhadores”, acrescentou.
Esta ação manipuladora e
desagregadora dos grandes conglomerados privados de comunicação em função dos
interesses dos Estados Unidos é histórica, esclareceu, tendo ganho maior
envergadura com a fundação da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) em 1942.
“Um agente da CIA foi o primeiro presidente da SIP. Foi através dela que cometeram
os maiores crimes, como a Operação Condor, que prendeu, torturou, assassinou
milhares de lutadores sociais. Foi através da SIP que os governos pró-EUA
censuraram o continente”, lembrou.
Granero citou o exemplo de
seu país, a Argentina, onde os grupos Clarin e La Nación, que controlam os dois
principais jornais, fizeram uma aliança e formaram uma agência de notícias onde
cada artigo e reportagem tem uma “classificação, com prioridades”. E de que
forma conseguiam que os demais veículos – jornais, emissoras de rádio e
televisão – reproduzissem este conteúdo, apontado como estratégico para martelar
dia e noite determinadas “verdades”? “Ao reproduzir as notícias prioritárias,
os meios de comunicação ganhavam um abono, um desconto no valor que tinham de
pagar. Se era um jornal, como tinham o monopólio do papel, garantiam um preço
mais barato. São instrumentos que utilizaram para padronizar a informação”,
disse.
Em contraposição à lógica da
alienação para o cifrão, vários governos nacionalistas, democráticos e
populares, estão promovendo debates e estimulando processos para que o conjunto
da sociedade se aproprie do tema. “Naturalmente, os donos da mídia apontam
estes processos de democratização, como na Argentina e no Equador, como ataques
à liberdade de expressão, pois atinge em cheio aos seus interesses. Daí a
relevância e a necessidade de maior envolvimento do conjunto dos movimentos
sindical e social para estimular o avanço e impedir o retrocesso”, ressaltou.