Pensatempo: Rússia: renúncia de Annan “abre as portas” para intervenção militar na Síria

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Rússia: renúncia de Annan “abre as portas” para intervenção militar na Síria




Leonardo Severo

Sustentados política, econômica e militarmente pelo governo dos Estados Unidos, secundados pela realeza árabe, bandos armados mergulharam o país num banho de sangue que já custou a vida de milhares de civis. 
O alerta do governo russo faz todo sentido quando entram em cena, como “possíveis substitutos” de Annan, criminosos, carniceiros e proxenetas da pior espécie como Javier Solana, ex-secretário geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e antigo alto representante da União Europeia (UE); o ex-presidente finlandês, Martti Ahtisaari, “prêmio Nobel da Paz”, e a ex-promotora chefe do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPIY), Carla del Ponte. Em comum na folha de desserviços dos três o esquartejamento da Iugoslávia, a “balcanização” em prol dos terroristas de Kosovo, mercenários dos EUA.

Submisso aos ditames de Washington, na secretaria geral da Otan, Javier Solana, em 1999, fez tábua rasa das determinações da ONU, dos tratados internacionais e da Convenção de Genebra. Durante quatro meses a Otan despejou toneladas de bombas contra a população civil sérvia, assassinando milhares de civis aos quais alegava defender da “limpeza étnica” do governo nacionalista de Slobodan Milosevic. Ao mesmo tempo, a Otan armava grupos terroristas criados pela CIA. Já como Alto Representante da União Europeia para a Política Exterior, Solana deu todo o respaldo ao mafioso e narcotraficante Hashim Thaçi para virar “presidente” de Kosovo, convertido em protetorado estadunidense.

Enviado especial da ONU a Kosovo, Martti Ahtisaari foi o autor, em 2007, do plano da “independência supervisionada” que passava para a União Europeia o papel das Nações Unidas como “implementadora” do projeto imperialista dos EUA, legalizando o desmembramento da Iugoslávia em Eslovênia, Croácia, Bósnia, Sérvia, Montenegro, Kosovo e Macedônia.

Fazendo coro com o crime, a então promotora chefe do TPIY, Carla Del Ponte projetava sobre o presidente iugoslavo Slobodan Milosevic seu ódio a quem resistia à cartilha imperialista: “carniceiro dos Balcãs”. As declarações pusilânimes de Del Ponte viraram manchetes, justificando o “bombardeio humanitário” da Otan.

Em 2010, um documento preparado pelo parlamentar suíço Dick Marty para o Conselho da Europa, desnudou a farsa dos “rebeldes”, revelando que o primeiro-ministro kosovar, Hashimm Thaci, pró-EUA, foi chefe de uma organização mafiosa no final dos anos noventa, implicado no tráfico de órgãos humanos, em assassinatos, além de outros crimes. Conforme o relatório, entre 1998 e 1999, os últimos anos da guerra de agressão à Iugoslávia, o Exército de “Libertação” do Kosovo (UCK, na sigla em albanês) manteve prisões secretas onde os nacionalistas iugoslavos “eram mantidos em condições desumanas até que desaparecessem”.

Contra a Síria, o laboratório midiático requenta mentiras. Como ressalta o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, "a decisão de Annan contra a extensão do seu mandato como o enviado da ONU à Síria levanta muitas perguntas sobre o futuro deste país. Alguém quer empurrá-lo fora do jogo para abrir as portas para ações enérgicas. Isso é óbvio".

Lamentavelmente, denuncia o governo russo, “a oposição síria rejeitou de forma constante todas as propostas para estabelecer um diálogo político. Nossos associados ocidentais e alguns Estados regionais que poderiam ter influenciado a oposição não fizeram nada”.

Na folha corrida de Javier Solana, Martti Ahtisaari e Carla del Ponte encontram-se as razões e os porquês.

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