“A fraude eleitoral foi
institucionalizada em Honduras”, denuncia manifesto da Via Campesina, cujos
observadores internacionais se mantiveram ativos em aproximadamente 400 mesas
eleitorais do país no último domingo (24).
Entre outros crimes, os observadores puderam
comprovar “compra
de votos, tentativas de suborno, cédulas pré-marcadas, violação ao voto secreto
e emissão de dados antecipados por parte do Tribunal Superior Eleitoral em base
a urnas ainda não contabilizadas”, além de diversas ações de “pressão e
violência mediante ameaças e agressões, que se fizeram ainda mais graves na
área rural”.
Conforme o Partido Livre (Liberdade e
Refundação), de Xiomara Castro, os resultados parciais divulgados com
estardalhaço pelo TSE, e repercutidos pelos grandes conglomerados de
comunicação como a antessala da eleição do candidato do Partido (ANTI)Nacional
e da embaixada americana, Juan Orlando Hernández,
ocultavam um grande percentual de urnas contrárias ao
governo. Mais exatamente 1.900 atas ou o equivalente a 400 mil votos de regiões
favoráveis a Xiomara.
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Soldados encapuzados en Rigores, Honduras |
A Missão
Sindical Internacional de Observação Eleitoral, organizada pela Confederação
Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), se fez presente na capital e no
interior do país, e também alertou para as “graves evidências de fraude".
Na sede do Comitê de
Familiares de Detidos e Desaparecidos de Honduras (Cofadeh), o Jubileu Sul, a
CSA e outras sete organizações e redes
sindicais apresentaram na terça-feira um informe preliminar em que manifestam “sérias
preocupações” sobre o processo eleitoral hondurenho. “Durante todo o dia se
receberam denúncias de diversas formas de manipulação e compra de votos,
ameaças e outros atos de violência contra fiscais e votantes do Partido Livre.
A Missão de observação recebeu testemunhos destes atos e alguns deles foram
presenciados por seus representantes, assim como recolheram denúncias várias
organizações internacionais que se deslocaram para observar o pleito”,
ressaltou nota.
ALERTA - “Advertimos sobre o perigoso
momento que vive o país, ante a fraude montado pelos mesmos personagens e
instituições responsáveis pelo golpe de Estado de 2009 (que depôs o presidente
Manuel Zelaya). O não reconhecimento da vontade do povo está criando um clima
de tensão e angústia que aprofunda a instabilidade e a falta de
institucionalidade em Honduras”, alertam as entidades.
A Via Camponesa também
denunciou que parte de sua delegação de observadores vinda de El Salvador foi
impedida de entrar no país. “Unido a isso queremos denunciar à comunidade
internacional o assassinato de Amparo Pineda e Julio Romero, líderes
comunitários da localidade de Cantarranas, no município de San Juan de Flores, Departamento
de Francisco Morazán, por vários homens encapuzados, com armas de grosso
calibre. Os dirigentes foram mortos quando regressavam de uma capacitação eleitoral
a doze horas do início das eleições”.
Conforme Florencia Goldsmann,
do Observatório das Violações dos Direitos Humanos Resistência das Mulheres no
Contexto Eleitoral, na comunidade de Rigores, no Departamento de Colon, soldados
e policiais encapuzados ameaçavam os camponeses, criminalizando a oposição ao
governo.
Mesmo observadores
internacionais foram submetidos a esta truculência quando militares encapuzados
adentraram o Hotel La Aurora, em Tegucigalpa, tentando apreender seus
passaportes e dificultar o registro das ilegalidades.