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Ex-senadora Piedad Córdoba, da Colômbia |
A Colômbia vive um momento histórico de diálogo entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP). Mobilizada, esta sociedade vive um intenso debate e participação em torno dos Diálogos de Paz. Para a ex-senadora, Piedad Córdoba, “os colombianos não conseguem encaminhar este processo sozinhos”, daí a importância do apoio de países como Brasil, Cuba e Venezuela e de eventos como o Fórum que será realizado de 24 a 26 de maio em Porto Alegre.
Leonardo Wexell Severo e Vanessa Silva – do ComunicaSul,
de Caracas
Foto do Joka Madruga
Em Caracas, onde participou do processo eleitoral
venezuelano, a ativista de direitos humanos e porta-voz do Movimento Marcha
Patriótica ressaltou a importância do ex-presidente Hugo Chávez para o início
das conversações entre a guerrilha, o governo e a sociedade colombiana que
tiveram início com a instalação dos Diálogos de Paz no país. “Chávez com sua
inteligência sabia a importância do fim da guerra na Colômbia para a paz na
América Latina. Temos que ter consciência de que sozinhos os colombianos não
podemos. Por isso, precisamos do apoio de todos os latino-americanos”.
No início de abril, milhares de colombianos saíram às
ruas para expressar apoio aos diálogos de paz instaurados em Havana com o apoio
de Cuba, Venezuela, Chile e Noruega. “Conseguimos mobilizar quase um milhão de
pessoas: camponeses, indígenas, negros, indígenas, mulheres, estudantes em torno
da paz”, conta a ativista pelos direitos humanos.
Qual é a
importância que Chávez teve na instalação do processo de paz na Colômbia?
Piedad Córdoba: Muitíssima, porque sempre esteve muito interessado na
paz. Ele ajudou muito no processo de libertações [de prisioneiros das Farc],
sem o qual creio que não estaríamos neste momento começando o que se conhece
como a Mesa de Havana. Sua participação permanente, contribuição, colaboração,
foram definitivas. Sem isso, não creio que teria sido possível pensar que
podemos conseguir a paz.
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Leonardo Wexell Severo, Piedad Córdoba e Vanessa Silva |
Milhares de
colombianos foram às ruas para respaldar este processo. Como avalia o atual
momento da Colômbia?
É muito importante
e a Marcha Patriótica avalia que temos muita força. Muitas pessoas foram
mobilizadas. As pessoas estão buscando a paz e não querem o fracasso das
negociações da Mesa de Havana. É uma chance tanto para o governo nacional, como
para as Farc de avançar para que também se incluam o Exército de Libertação
Nacional (ELN) e a sociedade [nos diálogos em Havana].
Será realizado no
Brasil, entre os dias 24 e 26 de maio, o Fórum Pela Paz na Colômbia. Como ele
poderá contribuir com este processo?
O Fórum é muito
importante porque o apoio internacional é definitivo não só para a Colômbia,
mas para toda a região, para que o povo entenda que é preciso conseguir a paz.
A paz da Colômbia é a paz da região também, e nós temos uma ameaça muito grande
pelo que significa a incidência dos Estados Unidos na Colômbia. Então creio que
do ponto de vista ético e humanitário, a Colômbia está passando por um momento
histórico muito complicado e muito grave. Nessa medida, a comunidade
internacional tem pressionado para que isso [o conflito] realmente acabe.
Diante do marco deste processo, vamos gerar imaginários a favor da paz na
América Latina e na própria Colômbia.
Como se comportam
os grandes meios de comunicação diante dos processos de paz?
Eles agem como agem
sempre. São porta-vozes do poder estabelecido, que resiste a dar espaço à
participação política, à mudança do número da pobreza e miséria institucional,
a dar margem para outras alternativas. Resumindo, ela tem um péssimo papel de
isolamento, macartização [mudança nas leis dos Estados Unidos para a
perseguição de comunistas, progressistas, esquerdistas] e acusações que
contribuem muito pouco para que as pessoas se informem de verdade e livremente
sobre o país.
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