Candidato defende
reerguer economia do país com a retomada pelo Estado das empresas de
energia, teles, portos e aeroportos repassados a monopólios estrangeiros em
troca de dinheiro para bancos
O "Plano de Reconstrução Nacional"
apresentado na última sexta-feira por Alexis Tsipras, líder da Coalizão de
Esquerda Radical (Syriza), anuncia o fim da sangria do povo grego, cujo
pescoço foi colocado na bandeja pelos sucessivos desgovernos ao "Memorando"
neoliberal da Troika (FMI, BCE e UE).
Tsipras frisou que no próximo dia 17 de junho os gregos
vão às urnas eleger parlamentares que decidirão entre a soberania e a
submissão, já que "ou se implementa o memorando, ou se cancela".
De acordo com o dirigente, diante de uma recessão que
chega ao quinto ano consecutivo, aprofundada por um corte de cerca de 30%
nas pensões e aposentadorias, é necessário efetivar uma política de
"desenvolvimento econômico e social". Para isso, ressaltou, é preciso
investir na "reconstrução produtiva", no fortalecimento do protagonismo do
Estado, na geração de emprego e redistribuição de renda. Afinal, destacou,
os recursos existem, mas continuam sendo esterilizados para satisfazer
banqueiros e especuladores estrangeiros, o que torna inadiável "reduzir a
dívida ou uma moratória e suspensão do pagamento dos juros até que a
economia estabilize ou mostre sinais de recuperação".
Dados divulgados pelo próprio governo grego apontam que o
desemprego é crescente, tendo atingido – oficialmente, vale lembrar –
trágicos 22%, o dobro da média dos 17 países que compõem a Zona do Euro.
Para reverter o caos, a Coalizão de Esquerda coloca como
inadiável a retomada pelo Estado dos setores econômicos estratégicos que
foram privatizados - e desnacionalizados - como a energia, as
telecomunicações, ferrovias, portos e aeroportos, bem como colocar um ponto
final nas determinações do "Memorando" de que os gregos deveriam entregar o
patrimônio público que ainda resta para satisfazer os credores, "se quiserem
ter crédito". Da mesma forma que defende a plena satisfação dos interesses
do sistema financeiro internacional – e para tornar esta obscenidade
possível -, a troika impõe uma política de contingenciamento que mantém as
despesas públicas limitadas a 36% do PIB, camisa de força condenada pela
Coalizão, que propõe aumentar o percentual para 46%.
O candidato esclareceu que "o povo grego não está pedindo
dinheiro, pois não é pedinte, apenas quer trabalhar e poder suportar o seu
custo de vida". Diferente disso, o que FMI, BCE e UE pretendem é postergar a
agonia, que se materializa na duplicação do número de crianças abandonadas e
em suicídios de idosos em praça pública à luz do dia.
O enfrentamento à lógica parasitária ditada pela Troika,
defende o Syriza, passa por taxar a riqueza e os rendimentos das grandes
fortunas para que o Estado se veja fortalecido, ao mesmo tempo em que
promova a justiça social com a redução de impostos sobre os alimentos. A
nacionalização dos bancos recapitalizados pelo Estado, bem como o
investimento em tecnologia e pessoal técnico para combater a enorme evasão
fiscal com a tributação das grandes empresas também são ações prioritárias
para a Coalizão de Esquerda.
O líder da Syriza alertou para a campanha de terror e
chantagem de que a eleição da esquerda representaria o abandono do euro -
orquestrada pelos grandes conglomerados de mídia em favor dos partidos do
arrocho, a Nova Democracia e o Pasok. Uma mentira coordenada que se utiliza
dos monopólios de rádio e televisão, jornais e revistas, para buscar tanger
os eleitores, receosos, a se tornarem cúmplices da política de devastação e
extermínio patrocinada por banqueiros e multinacionais.
Como já expôs Alexis Tsipras com todas as letras ao
jornal inglês "The Guardian", "a Grécia se tornou um modelo para o resto da
Europa porque foi escolhida como experimento para a aplicação do choque
neoliberal, e o povo grego é a cobaia". "Se o experimento continuar, será
considerado bem sucedido, e as políticas serão aplicadas em outros países. É
por isso que é tão importante deter o experimento. Não será uma vitória
apenas da Grécia, mas de toda a Europa", concluiu.
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