Pensatempo: Tsipras propõe fim da submissão a FMI/BCE para reconstruir Grécia

terça-feira, 5 de junho de 2012

Tsipras propõe fim da submissão a FMI/BCE para reconstruir Grécia

Candidato defende reerguer economia do país com a retomada pelo Estado das empresas de energia, teles, portos e aeroportos repassados a monopólios estrangeiros em troca de dinheiro para bancos 


O "Plano de Reconstrução Nacional" apresentado na última sexta-feira por Alexis Tsipras, líder da Coalizão de Esquerda Radical (Syriza), anuncia o fim da sangria do povo grego, cujo pescoço foi colocado na bandeja pelos sucessivos desgovernos ao "Memorando" neoliberal da Troika (FMI, BCE e UE).



Tsipras frisou que no próximo dia 17 de junho os gregos vão às urnas eleger parlamentares que decidirão entre a soberania e a submissão, já que "ou se implementa o memorando, ou se cancela".


De acordo com o dirigente, diante de uma recessão que chega ao quinto ano consecutivo, aprofundada por um corte de cerca de 30% nas pensões e aposentadorias, é necessário efetivar uma política de "desenvolvimento econômico e social". Para isso, ressaltou, é preciso investir na "reconstrução produtiva", no fortalecimento do protagonismo do Estado, na geração de emprego e redistribuição de renda. Afinal, destacou, os recursos existem, mas continuam sendo esterilizados para satisfazer banqueiros e especuladores estrangeiros, o que torna inadiável "reduzir a dívida ou uma moratória e suspensão do pagamento dos juros até que a economia estabilize ou mostre sinais de recuperação".


Dados divulgados pelo próprio governo grego apontam que o desemprego é crescente, tendo atingido – oficialmente, vale lembrar – trágicos 22%, o dobro da média dos 17 países que compõem a Zona do Euro.

Para reverter o caos, a Coalizão de Esquerda coloca como inadiável a retomada pelo Estado dos setores econômicos estratégicos que foram privatizados - e desnacionalizados - como a energia, as telecomunicações, ferrovias, portos e aeroportos, bem como colocar um ponto final nas determinações do "Memorando" de que os gregos deveriam entregar o patrimônio público que ainda resta para satisfazer os credores, "se quiserem ter crédito". Da mesma forma que defende a plena satisfação dos interesses do sistema financeiro internacional – e para tornar esta obscenidade possível -, a troika impõe uma política de contingenciamento que mantém as despesas públicas limitadas a 36% do PIB, camisa de força condenada pela Coalizão, que propõe aumentar o percentual para 46%.

O candidato esclareceu que "o povo grego não está pedindo dinheiro, pois não é pedinte, apenas quer trabalhar e poder suportar o seu custo de vida". Diferente disso, o que FMI, BCE e UE pretendem é postergar a agonia, que se materializa na duplicação do número de crianças abandonadas e em suicídios de idosos em praça pública à luz do dia.

O enfrentamento à lógica parasitária ditada pela Troika, defende o Syriza, passa por taxar a riqueza e os rendimentos das grandes fortunas para que o Estado se veja fortalecido, ao mesmo tempo em que promova a justiça social com a redução de impostos sobre os alimentos. A nacionalização dos bancos recapitalizados pelo Estado, bem como o investimento em tecnologia e pessoal técnico para combater a enorme evasão fiscal com a tributação das grandes empresas também são ações prioritárias para a Coalizão de Esquerda.

O líder da Syriza alertou para a campanha de terror e chantagem de que a eleição da esquerda representaria o abandono do euro - orquestrada pelos grandes conglomerados de mídia em favor dos partidos do arrocho, a Nova Democracia e o Pasok. Uma mentira coordenada que se utiliza dos monopólios de rádio e televisão, jornais e revistas, para buscar tanger os eleitores, receosos, a se tornarem cúmplices da política de devastação e extermínio patrocinada por banqueiros e multinacionais.

Como já expôs Alexis Tsipras com todas as letras ao jornal inglês "The Guardian", "a Grécia se tornou um modelo para o resto da Europa porque foi escolhida como experimento para a aplicação do choque neoliberal, e o povo grego é a cobaia". "Se o experimento continuar, será considerado bem sucedido, e as políticas serão aplicadas em outros países. É por isso que é tão importante deter o experimento. Não será uma vitória apenas da Grécia, mas de toda a Europa", concluiu.

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